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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Especial - OS BRASAS


"Éramos uns meninos, nos desenvolvendo...Assim estavam Os Brasas nos anos 60.

Por isso, chegou um momento em que começamos a preparar um excepcional disco, que ia ser o ponto da partida da própria banda. Porque, apesar de já estarmos em São Paulo, o que fazíamos até então era acompanhar milhares de artistas.

Entramos em estúdio e criamos um trabalho. Gravamos coisas, desenvolvemos músicas... Mas, quando finalizamos tudo, o produtor cometeu uma irresponsabilidade fatal: Ele perdeu a fita marter da banda com todas as gravações originais! Foi por isso que Os Brasas não lançaram seu LP próprio nos anos 60."

(Luiz Wagner, Guitarreiro, em declaração ao livro Gauleses Irredutíveis)

A Brasa Acesa!

O grupo Os Brasas começa suas atividades por volta de 1965, em Porto Alegre, com o nome de The Jetsons, fazendo sucesso no programa Juventude em Brasa, na TV Piratini. Em 1967, grava seu primeiro compacto: ‘Lutamos Para Viver’/’Piange Con Me’. The Jetsons, e depois Os Brasas, tinha em sua formação Luiz Vagner, que após o fim do grupo fez carreira solo, atuando até hoje como cantor de reggae, Franco, Anyres Rodrigues e Eddy. Um dos precursores do rock gaúcho, o grupo mudou-se para São Paulo, onde apresentava-se em programas de televisão, como ‘Juventude e Ternura’, ‘Linha de Frente’ e ‘O Bom’.

Tidos como o maior nome da Jovem Guarda no Rio Grande do Sul, Os Brasas é uma banda bastante peculiar. A formação contava com o Luis Vagner na guitarra e vocal, o Anyres Rodrigues na guitarra, o Franco Scornavacca no baixo e o Eddy na bateria.

Os Brasas, reunidos com o Maestro Peruzzi.

A Discografia Única!

Em 1968, saiu o único disco dos Brasas, pela gravadora Musicolor/Continental, inédito em CD até hoje. Tanto que só foi circular pelas gerações mais novas através de uma cópia em CD-R com esse registro e mais alguns compactos, por iniciativa de uma loja musical conhecida pelas raridades em Porto Alegre. O disco original tem as seguintes faixas:


1. A distância (Oriental Sadness) (Anyres - L. Ransford)
2. Beija-me agora (Fernando Adour - Márcio Greyck)

3. Um dia falaremos de amor (Tom Gomes - Renato de Oliveira - Luiz Vagner)
4. Quando o amor bater na porta (When love comes knockin' (at your door)) (Tom Gomes - Sedaka - C.King)

5. Meu eterno amor (Tom Gomes - Luis Vagner)

6. Que te faz sonhar, linda garota (What makes you dream, pretty girl?) (Anyres - M. Garson - J. Wilson)
7.
Pancho Lopez (G. Bruns - T. Blackburt)

8. Ao partir, encontrei meu amor (No fuimos) (Osvaldo - Hugo)
9. Benzinho, não aperte (Tom Gomes - Luis Vagner)
10. Theme without a name (Clark - Davidson)

11. Não vá me deixar (Tom Gomes - Luiz Vagner)

12. Sou triste por te amar (Tom Gomes - Luiz Vagner)

Clique Aqui ou na capa do disco n

a imagem acima e faça o Download.

O álbum abre com A distância, um cover dos Hollies, fato bem comum na Jovem Guarda, como comprovam trabalhos do Renato e seus Blue Caps, por exemplo. Mas é na segunda faixa, Beija-me agora, que começam os méritos da banda. Trata-se de uma balada com clima psicodélico, numa melodia poderosa e vozes muito bem colocadas. Um dia falaremos de amor é a típica música falada, que o Roberto Carlos eternizou em clássicos como Não quero ver você triste, com sons de violino e pianinho comandando. Quando o amor bater na porta, cover dos Monkees, ficou superior à original na minha opinião, tamanha a qualidade dos músicos. Meu eterno amor se destaca pelos vocais trabalhados com perfeição, resultando numa bonita balada. Que te faz sonhar, linda garota traz a guitarra característica do Luis Vagner, bem marcante durante toda a faixa.


Pancho Lopez, conhecida na voz do Trini Lopez, ganhou uma versão totalmente debochada, com direito a gritos em espanhol, dignos dos mais autênticos mexicanos. Ao partir, encontrei meu amor é uma faixa curiosa. Versão de uma música da banda uruguaia Los Shakers, foi gravada também pelo Renato e seus Blue Caps, porém com outro nome (Te adoro) e outra letra! Vale ouvir as duas pra comparar. Essa aqui tem uma ótima harmônica no começo, ao contrário do órgão que inicia a versão do Renato. Benzinho, não aperte é a típica música bonitinha de Jovem Guarda, com letra adolescente e bem humorada. Theme without a name é totalmente instrumental, coisas que os Brasas sabiam fazer com maestria. Não vá me deixar é uma psicodelia das boas, com uma guitarra que marcou época e influenciou muita gente. O álbum fecha com Sou triste por te amar, mais uma bela composição da dupla Tom Gomes e Luis Vagner, que aparece com cinco faixas no total.


O sucesso que poderia acontecer não chegou a se concretizar, pois no ano seguinte a banda acabou. O caminho mais curioso - e interessante - sem dúvida foi o do Luis Vagner, que mergulhou no reggae e se tornou um dos músicos mais respeitados no estilo, além de ter ajudado a moldar o samba-rock, ritmo tão em voga hoje em dia. Isso sem falar nas composições dele que grandes artistas da música brasileira gravaram. Por exemplo, a incensada Sílvia, 20 horas, domingo, gravada pelo Ronnie Von num dos seus discos psicodélicos e regravada pela banda gaúcha Video Hits em 2001, é de autoria dele. Que tal?

E mesmo assim, é estranho pensar que na época tinha gente que torcia o nariz pra eles. Ou nas palavras do meu pai, alguém que presenciou o surgimento dessas bandas nos anos 60, “Os Brasas eram meio mal vistos por muita gente. Bandas como o Som 4 – que tocava basicamente covers de Beatles - faziam mais sucesso entre o pessoal”. Explica-se: além de terem se formado num bairro de classe média baixa, (coisa que fazia diferença numa época de festas e shows em clubes tradicionais, por mais que hoje soe elitista e até descabido), eram uma banda local, e como se costuma fazer em lugares de caráter provinciano, o que vem de fora é sempre melhor. Ouvindo o som deles fica difícil conceber isso, mas acontecia. E talvez aconteça até hoje, mesmo que em outra escala.

No disco, pela primeira vez, está presente um perfeito ‘crossover’ entre o rock inglês, a psicodelia e a Jovem Guarda, antecipando, de certa forma, a linha mestra da construção da sonoridade do rock gaúcho.

Inédito em CD, o disco circula no mundo independente, além das músicas do álbum, ainda reúne os compactos gravados pela banda, também de grande qualidade autoral.

Franco Scornavacca, Pai dos Garotos do KLB



Por Alex Racor / Flávio Sillas Jr / Eduardo EGS



Um comentário:

Anônimo disse...

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