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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Orquestra de Câmara da Ulbra & Wander Wildner, Julio Reny e Jimi Joe

FOI EM 2008 O ENCONTRO DE AMIGOS MUITO INFLUENTES AO ROCK-RS, JUNTAMENTE COM A ORQUESTRA DE CÂMARA DA ULBRA, QUE NOS FOI PRESENTEADO ESTE DELEITE DE MÚSICA BOA.


“Vocês não estão passando as minhas músicas só porque eu sou o mais bonito, né?”, pergunta o animado Wander Wildner no segundo ensaio dele, Jimi Joe e Júlio Reny com a Orquestra de Câmara da Ulbra. O maestro Tiago Flores ri da piada de Wander, e continua ensaiando “Adeus às ilusões”, com Jimi Joe, sempre compenetrado. Wander ensaia uma dança, de olhos fechados e Júlio Reny, com seus inseparáveis óculos escuros, assiste à tudo da soleira da porta.
Os três se conhecem desde 1980. Wander trabalhou com Júlio neste ano, quando ele ainda tocava na “Expresso do Oriente”. Logo, Wander seria o vocalista da banda punk Os Replicantes, formada em 1983, e conheceria também Jimi Joe, que é guitarrista da sua atual banda há 8 anos. Por isso o clima, tanto nos ensaios como no espetáculo, que aconteceu em 12 de julho em Porto Alegre, era de um encontro de amigos. Até mesmo a escolha do repertório refletia isto: “Bocomocamaleão”, por exemplo, foi composta por Jimi Joe e Antonio Villeroy e interpretada por Wander. “Sandina”, sucesso do rock gaúcho dos anos 80 com Os Replicantes, foi composta por Jimi e cantada pelos três compositores no espetáculo que lotou o Salão de Atos da Ufrgs.



O show começou com a participação de um Júlio Reny visivelmente nervoso – e emocionado. “Achavam que eu é que ia quebrar o protocolo no show – sempre sobra pro punk, né? – mas quem fez isso foi o Júlio, que não parava de dizer como estava feliz por estar tocando com uma Orquestra”, diria Wander, mais tarde. O show começou com “Expresso do Oriente”, que ele lançou em 1986 – uma música de rock com letra romântica, bem ao estilo dele que, no show, ganhou arranjo de Pedro Figueiredo, com forte presença do contrabaixo de Walter Schinke. A segunda música foi o reggae “Café em Marrakesh”, o destaque do show segundo o maestro Tiago Flores, que achou o arranjo de Iuri Correa fantástico. Ao final da música, Júlio seria ovacionado por um público que cantou as músicas junto com ele.

Em seguida, “Cine Marabá”, que com certeza despertou as lembranças de quem freqüentava o cinema de calçada mais famoso dos anos 80, em Porto Alegre. Ao lado do palco, se via Jimi Joe, preparando-se para entrar em cena, dançando e cantando vigorosamente a música de Júlio. Jimi entra em cena para tocar violão em “Amor e Morte”, que ganhou um arranjo encorpado de Arthur de Faria – a música agradou tanto que foi repetida no bis.

A quinta música foi “Adeus às ilusões”, composição recente de Jimi que entrou em seu último disco, “Saudades do futuro”. A letra agridoce e a levada pop empolgaram o público, que também vibrou com “Primeiro Instante”. A voz grave de Jimi foi atenuada pela suave presença de uma gaita de boca e também pela letra romântica da canção. Em seguida, Jimi tocou a triste “O vôo”, também presente em seu disco mais recente”, que fala sobre suicídio e, com certeza, emocionou muita gente – também pelo delicado arranjo de Michel Dorfman. Nos ensaios, Jimi não teve vergonha e chorou durante a execução desta música e também de “Sandina”. “Já chorei tudo o que eu tinha que chorar nos ensaios, hoje acho que não choro mais”, brincou Jimi.

Era a hora de Wander Wildner, também romântico, mas sempre irreverente e com grande presença de palco. Com um casaco verde e uma camisa de babados que parecia saída do set de filmagem de “Maria Antonieta”, ele começou sua participação com “Bococamaleão”, que levou a platéia aos risos com sua interpretação hiperbólica. Em seguida, o grande sucesso “Bebendo vinho”, do seu primeiro disco, “Baladas sangrentas”, entoada em coro pelo público de todas as idades que assistia o espetáculo. Em seguida, “Rodando El mundo”, em que ele brincou dizendo “vai, Orquestra!” no meio da canção. Em seguida, uma das músicas mais conhecidas de Wander, “Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro”, e logo depois, “Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo”. Wander fechava os olhos, visivelmente emocionado, para ouvir a orquestra, e estava totalmente à vontade no palco com os dois amigos, que se juntaram numa versão de arrepiar do clássico “Sandina”. Os sorrisos cúmplices entregavam: aquela ficaria marcada na memória deles como uma noite inesquecível.

Jimi Joe avaliou, mais tarde: “o saldo final do Concertos Dana foi maravilhoso, emocionante e mais todos os adjetivos bons que tu conseguires inventar. Foi uma experiência fantástica, foi um crescimento total. Se não tivesse tido Concerto, só os dias de ensaio teriam valido pelo crescimento musical fantástico de conviver com uma orquestra e músicos tão talentosos... E o concerto foi pra lavar a alma. Fiquei absolutamente maravilhado com o arranjo para “O vôo”, uma canção folk, que ganhou um arranjo que demonstra aquela emoção contida mas tão linda, ele captou as emoções, o espírito das músicas”. Já Wander disse que nunca havia sequer sonhado em tocar com uma orquestra e o grande momento do show foi o bis de 'Sandina'. “Neste momento eu, o Jimi e o Júlio estávamos extasiados, muito emocionados mesmo. Acho que a nossa emoção contagiou a Orquestra e o público, parecia que todos estávamos conectados. Esse show foi simplesmente a coisa mais emocionante que já fiz na minha vida".







SOBRE A ORQUESTRA

A Orquestra de Câmara da ULBRA foi criada em julho de 1996, com o intuito de somar-se às iniciativas da universidade nas áreas da cultura e dos programas comunitários. Desde então, a Orquestra desenvolve vários projetos: Concertos da Temporada, Música nos Campi e apresentações em eventos culturais. Tem como principal objetivo manter a excelência da execução e o alto nível de acabamento musical. Como reconhecimento deste trabalho, o grupo tem sido considerado, pela crítica especializada, uma das melhores orquestras de câmara do Brasil.

Na série Concertos da Temporada, realizados mensalmente, a Orquestra já contou com a participação de solistas de renome internacional como o contrabaixista Michinori Bunya (Alemanha/Japão), o flautista Felix Renggli (Suíça), o clarinetista Gary Dranch (EUA), o trompetista André Henry (França), o violinista Lavard Skou-Larsen (Áustria), os violonistas Eduardo Castañera e Daniel Wolff, o violoncelista Romain Garrioud(França), o oboísta Luis Carlos Justi(RJ), o pianista Ney Fialkow e o violinista Cármelo de los Santos, pianista Alexandre Dossin(Brasil/EUA), o violinista François Sochard(França), o compositor e instrumentista Egberto Gismonti(Brasil), o contra-tenor Paulo Mestre(Brasil), os cravistas Marcelo Fagerlande, Rosana Lanzelotte e Marcos Holler (Brasil) entre outros.






No repertório da Orquestra de Câmara da ULBRA constam as principais obras de música erudita compostas para instrumentos de cordas, abrangendo do período barroco até o contemporâneo. Destacam-se As Quatro Estações de Vivaldi e as Serenatas para Cordas de Tchaikovsky e Dvorák, também as mais importantes obras sacras como Paixão Segundo São João e Oratório de Natal de Bach, O Messias de Haendel e Requiem de Mozart.

Outras vertentes importantes do trabalho deste conjunto são a música latino-americana e a música brasileira, sendo esta motivo de freqüente pesquisa e inclusão de novas obras ou lançamento de novos compositores na sua programação. O grupo é responsável pela estréia de diversas peças originais e arranjos especialmente compostas para o mesmo. Também é marcante a performance deste ensemble nos tangos de Astor Piazzolla, como Las Cuatro Estaciones Porteñas, Melancólico Buenos Aires e María de Buenos Aires.

No tocante a projetos de diversificação e divulgação da música orquestral, o grupo apresentou-se com Edu Lobo, Nei Lisboa, Renato Borghetti, Neto Fagundes, Vitor Ramil, Kleiton & Kledir, Yamandú Costa , Frank Solari, Nenhum de Nós, Papas da Língua, Hique Gomes, Bebeto Alves, Jerônimo Jardim, Gaúcho da Fronteira, Ernesto Fagundes, Banda Ultramen, Adriana Deffenti e Pedro Veríssimo, além de realizar inúmeras apresentações pelo interior do Rio Grande do Sul.




Fonte: www.dana.com.br
Por Alex Racor / Rodrigo Adamski

Um comentário:

Headbenguer JP disse...

O link está invalidado. Se puder corrigir, agradeço.